quarta-feira, 1 de julho de 2015

Especial Livros Entre Linhas: Trilogia Mundo em Caos #DoisEmUm


Nome do Mundo: O Motivo or The Knife of Never Letting Go.
Universo: Mundo Em Caos
Do Mesmo Planeta:
2°: A Missão
3°: A Guerra
Dimensão: 447 páginas. 
Criador: Patrick Ness
Data de Nascimento: 
BRA:  2011 / US: 2008.
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Pandorga.
Onde Obter: Saraiva - Livraria Cultura - Orelha de Livro
Relatório Completo: Skoob or Goodreads.
Sinopse: Todd Hewitt é um garoto de doze anos, o último menino de Prentisstown, uma cidade de homens. Ele vive em um mundo cheio de "ruído" em que os pensamentos privados de todo homem e animal são audíveis. Em um mês ele estará com treze anos e será um homem. Mas a cidade está mantendo segredos para ele, segredos que vão forçá-lo a fugir do prefeito e dos homens de Prentisstown junto com seu cachorro e a primeira garota que ele já conheceu. A cada página, o leitor ficará cada vez mais ligado a Todd e Viola, com sua história de amizade, e sentirá afeição genuína por Manchee, cão e ajudante de Todd, cujo comportamento é hilário e comovente. Na sua essência, é uma história sobre um garoto forçado a crescer rapidamente em um mundo de ruínas em loucura e armado apenas com sua convicção de fazer a coisa certa para ajudá-lo a sobreviver. Todd vive em um mundo onde um germe matou todas as mulheres, um germe que deixou os homens loucos, o germe que significou o fim dos spackles quando a loucura dos homens colocou as mãos numa arma.

Antes de tudo, acho válido dizer que eu recomendo que você saiba o mínimo possível sobre o enredo antes de ler este livro, pois são de pequenas revelações que ele é feito, o que impacta bastante na experiência de leitura. Mas saber o básico não irá assassinar a graça do livro. Todos avisados, certo? Certo. Bem, eu gostaria de fazer uma resenha tripla, mas só Atena sabe quando lerei o último livro e senti a necessidade de falar sobre esses, já que são tão pouco divulgados aqui no Brasil E SIMPLESMENTE É UMA DAS MELHORES TRILOGIAS QUE JÁ LI, NÃO SEI POR QUE TANTA MELAÇÃO EM CIMA DE A SELEÇÃO, QUANDO HÁ PATRICK NESS CHAMANDO. Pronto, falei.


Os homens mente, e o pior de tudo é que mentem para si mesmos. Por exemplo, eu nunca vi uma mulher nem um spackle em carne e osso, obviamente. [...] e eu os vejo o tempo todo no Ruído dos homens, afinal, sobre que outra coisa os homens pensariam além de sexo e inimigos?

Tudo começa com Tobb Hewitt e sua contagem regressiva para seu aniversário de 13 anos, a idade em que os meninos passam a ser homens. Mas a emoção maior está no fato de Tobb ser o último garoto da cidade. Talvez do Planeta. Mas vamos explicar isso melhor. A história que Tobb conhece é a seguinte: há muito tempo, quando os humanos chegaram nesse novo Planeta, havia uma praga que matou todas as mulheres e "infectou" a mente dos homens. Agora, todos os pensamentos de qualquer ser masculino são audíveis para qualquer um. Agora, os homens que restaram moram em Prentisstown, onde o único passatempo é aguardar a morte uns dos outros, enquanto lêem as próprias mentes. Party hard, hein.

Como eu já disse, os homens mentem o tempo todo, para eles mesmos, para outros homens, pro mundo inteiro, mas quem pode ter certeza se quando isso se junta com todas as outras mentiras e verdades que estão flutuando por aí fora da sua cabeça? Todo mundo sabe que você tá mentindo, mas todo mundo tá mentindo também, então quem se importa?

Porém, um mês antes de completar mais um ano de vida e enquanto cuidava das ovelhas junto ao seu cachorro Manchee, Tobb escuta um vazio; uma lacuna em meio ao turbilhão de pensamentos gritantes. Tobb então se depara com uma garota. E toda verdade que antes acreditava ser absoluta, evapora-se. Tobb, (caso queira saber o nome da menina, selecione o espaço em branco. Por que estou fazendo isso? "Ela gostasse tanto de mistérios que acabou por se tornar um". Citando John Green no meio de uma resenha, quanta ilógica), Viola e Manchee são forçados a fugir. Seus futuros são totalmente incertos, se é que haverá algum, já que suas vidas estão em perigo a cada instante. Em meio à mentiras, guerras e saudades da minha terra, o que mantêm Tobb seguindo em direção ao desconhecido, é a esperança de que não importa qual seja seu destino final, mas que lá esteja a resposta. (E de certa forma, está, mas de uma maneira um tanto peculiar).


Viola está perto de mim e, enquanto eu tomo goles desesperados, lá está o silêncio dela de novo. É uma mão de duas vias, essa história. Da mesma forma que ela consegue ouvir meu Ruído, aqui sozinhos, longe da tagarelice de outras pessoas ou do Ruído de um colônia, lá está o silêncio dela, tão alto quanto um rugido, me puxando como se fosse a maior tristeza do mundo, como se eu quisesse ser absorvido por ele e simplesmente desaparecer para sempre no nada”.

Esse é o livro perfeito caso você esteja procurando ser surpreendido de N formas a cada término de capítulo. Me aprofundarei na escrita do autor quando falar da belezinha da continuação ali em baixo, mas adio para vocês que "envolvente" é a palavra chave para descrevê-la. Nós acompanhamos a jornada do trio e vemos o quanto eles cresceram, aprenderam sobre o mundo e si mesmos e, principalmente, a zelar por uns aos outros. MAS CONTINUE CONOSCO QUE AINDA TEM MAIS ~dancinha feliz~ .

“A sede de poder é uma coisa que você deveria aprender a controlar antes de ficar mais velho, pois é o que diferencia homens de garotos, mas não da forma que a maioria dos homens pensa”.


Nome do Mundo: A Missão or The Ask And The Answer.
Universo: Mundo em Caos.
Do Mesmo Planeta:
1°: O Motivo 
3°: A Guerra
Dimensão: 492 páginas. 
Criador: Patrick Ness
Data de Nascimento: 
BRA:  2012 / US: 2009
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Pandorga.
Relatório Completo: Skoob or Goodreads
Sinopse: Nós estávamos na Praça, na praça onde eu iria correr, segurando ela, carregando ela, dizendo-lhe para permanecer viva, permanecer viva até que nós estivéssemos seguros, até que chegássemos ao paraíso, assim, poderiam salvá-la - mas não havia nenhuma segurança, nenhuma segurança em nada, havia apenas ele e seus homens... Fugindo anteriormente de um exército implacável, Todd deixou Viola ser desesperadamente ferida direto nas mãos de seu pior inimigo, o prefeito Prentiss. Imediatamente separado de Viola e preso, Todd é forçado a aprender os caminhos da nova ordem do prefeito. Mas que segredos se escondem fora da cidade? E onde está Viola? Ela ainda está viva? E qual é a misteriosa resposta? E então, um dia, as bombas começam a explodir...

Esse livro me roubou madrugadas de sono. Eu deixava de assistir Game of Thrones só para lê-lo, e se você conhece a série, sabe que você deixa de COMER facilmente só para ver mais um episódio. Entrou para os favoritos da vida, e há muito tempo que um livro distópico e Young Adult não fazia isso comigo. Atrevo dizer que apenas Catching Fire foi capaz de tal proeza antes desse. Bem, leitores, EXCLUINDO AS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ESCRITA DO AUTOR QUE EU MUITO GENTILMENTE IREI SINALIZAR PARA VOCÊ QUANDO COMEÇAR, essa parte da resenha CONTÉM spoilers, pois eu não quero tentar NÃO falar sobre esse livro. It's the opposite, babe!

“- Então você nunca esteve na praia vendo as ondas quebrarem e a água se estender na sua frente além da sua vista, se movendo tão azul e viva e tão grande que parece até maior do que a escuridão além dela, porque o oceano oculta seu conteúdo”.


*SPOILERS ON*
O livro começa no exato momento em que o anterior termina: com Viola baleada e Tobb sendo levado para longe dela. Os dois passam boa parte da trama longe um do outro, o que permitiu ao autor revezar a narração entre os pontos de vista de cada personagem, proporcionando-nos uma visão mais ampla sobre tudo que está acontecendo. 


A escuridão começa a tomar conta de mim, começa a cair sobre mim como um cobertor, como água se elevando acima da minha cabeça”.

O prefeito Prentiss agora é presidente, e seu primeiro decreto foi proibir a livre circulação das mulheres. Em sua mente doentia, criaturas femininas são um "perigo à paz", pois tudo aquilo que não pode ser ouvido, não pode ser decifrado e nem controlado (Ui, divergentes). 


A cada minuto eu espero que minha vida desmorone.
Mas a cada minuto ela continua de pé”.

O livro é recheado de páginas assim,
representando a confusão de pensa-
mentos dos homens.
Viola agora tem de aprender a ser enfermeira, enquanto mentalmente trama planos de como encontrar Tobb e fazer contato com sua nave-mãe. Porém, o prefeito (sei que falei que ele agora é presidente, mas chamá-lo de prefeito o irritava e essa é minha especialidade), possui planos mais tenebrosos para Tobb. Além de obrigá-lo a trabalhar junto com seu detestável filho "cuidando" dos spackles (que são as criaturas endêmicas do Planeta), Prentiss quer transformá-lo em seu herdeiro, ou seja, torná-lo igual a ele.


Há apenas silêncio quando isso acontece. Não é alto ou forçado ou violento. Ela simplesmente fica quieta, um tipo de quietude que você sabe que é interminável assim que escuta, uma quietude que abafa tudo ao seu redor, desligando o volume do mundo”.

Os jogos políticos e psicológicos neste livro são SENSACIONAIS. Ambos demonstram o poder que uma pessoa manipuladora, de mente astuta e boa lábia possui, principalmente por ter consciência que os pequenos detalhes, como paciência e jogo de palavras e cintura, são os tijolos para a construção de qualquer plano. E quem tem plena consciência disso são os dois personagens símbolo de cada lado da guerra: Sra. Coyle, a enfermeira chefe e, claro, o odioso Prentiss. Por mais que o prefeito seja o vilão declaro, o autor constrói a guerra e os lados jogadores de uma maneira que não há como resumir em apenas"herói ou vilão". Ao final do livro, você já não sabe para quem torcer exatamente, o que gera algo muito interessante a ser refletido: ninguém age seguindo um motivo único, genuíno e unilateral. Todos possuem camadas de interesses por trás de suas palavras e ações, e talvez, façam das pessoas os "peões" para a realização de tais.


Nós somos as escolhas que fazemos. E as que temos que fazer. Não somos nada além disso”.
*SPOILERS OFF*

OLHA, O SR. NESS POSSUI UMA VEIA DE GEORGE RR MARTIN SIM, SÓ QUE SABE DISFARÇAR MUITO BEM. Mas enfim, vamos lá!

A história geral da trilogia foi muito bem pensada e elaborada. É fácil perceber que há uma “cadeira principal” de enredo, que vai se ramificando aos poucos, (excesso de aulas de química orgânica resulta nisso), mas sempre prosseguindo. Uma habilidade louvável de Ness é a de nos apresentar, a partir de um relacionamento iniciado do zero e de forma cada vez mais envolvente, não só a personalidade e o passado das personagens, mas também nos explicar um pouco da dinâmica daquele universo novo e bizarro.


- O problema, Tobb – ele diz –, é que as pessoas não querem realmente liberdade, não importa o quanto elas falam sobre isso”.

O autor sabe como utilizar diálogos, ou falta deles, para nos fazer sentir a atmosfera de cada situação retratada. Ou seja, é fácil se pegar com falta de ar em uma cena de perseguição ou tortura, e ficar feliz quando alguma coisa dá certo (ou, ao menos, não dá errado) com os protagonistas. Por mais efêmero e insignificante que o “momento feliz” soasse depois, na hora em que foi lido, parecia o maior alívio do mundo. E, A MELHOR PARTE PARA QUEM JÁ ESTÁ ENJOADO DE MELOSIDADES DESNECESSÁRIAS: Não há o típico "casalsinho romântico" nesse livro \O/


Mas isso é o que te torna poderoso, Todd Hewitt. Neste mundo de entorpecimento e sobrecarga de informações, a habilidade de sentir, meu garoto, é de fato um dom raro”.

Conter-me-ei, pois senão spoilers jorraram! That's all folks!

Como O Motivo levou nota quatro e A Missão, cinco, a média portanto será quatro spackles e meio! NÃO SÃO ADORÁVEIS?
Vocês de exatas digam-me se estou certa.


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quarta-feira, 24 de junho de 2015

Livros Entre Linhas: A Terra Inteira e o Céu Infinito


Nome do Mundo: A Terra Inteira e o Céu Infinito or A Tale For The Time Being.
Único em Seu Universo.
Dimensão: 462 páginas. 
Criadora: Ruth Ozeki.
Data de Nascimento: 
BRA:  2014 / US: 2013.
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Casa da Palavra.
Onde Obter: Saraiva - Submarino -Americanas - Livraria Cultura - Estante Virtual
Relatório Completo: Skoob or Goodreads.
Sinopse: A Terra Inteira e O Céu Infinito - O que acontece quando um diário perdida encontra o leitor certo? Numa remota ilha do Canadá, a escritora Ruth cata mariscos com o marido na praia quando se depara com um saco plástico coberto de cracas que envolve uma lancheira da Hello Kitty. Dentro, encontra um livro de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido, e se surpreende ao descobrir que o miolo, na verdade, é o diário de uma menina japonesa, Nao. A sacola misteriosa, segundo os rumores dos habitantes, é mais um dos destroços do último tsunami que devastou o Japão e foi levado pelas correntezas até a ilha. Desde então, Ruth é tragada pela história do diário de Nao, uma menina que, para escapar de uma realidade de sofrimento – de bullying dos colegas e de um pai desempregado e suicida –, resolve passar seus últimos dias lendo as cartas do bisavô, um falecido piloto camicase da Segunda Guerra Mundial, e contando sobre a vida da avó, uma monja budista de 104 anos. O que Ruth não esperava era que o diário iria levá-la a uma viagem onde ela e Nao podem finalmente se encontrar fora do tempo e do espaço.

Muito bem, mochileiros, (faria mais sentido se eu chamasse vocês de leitores, mas soa um tanto formal, não acham, leitores?). Esse é um daqueles livros que me envolveu tanto, que ainda estou tentando descobrir como me desprender, ao menos parcialmente, para contar a vocês. Não quero nem calcular minhas chances de sucesso, but here we go \O/


Acho que é importante ter objetivos claros na vida, não acha? Principalmente se não te resta muita coisa. Porque, se você não tiver objetivos claros, o seu tempo pode se esgotar e, quando o dia chegar, você vai se pegar de pé no parapeito de um prédio alto, ou sentada na cama com um frasco de comprimidos na mãe, pensando, Merda! Dei mole. Se ao menos tivesse estabelecido objetivos claros para mim!”.

MAS ANTES, mesmo que eu não lhe convença a comprá-lo, saiba que as páginas desse livro possuem um cheiro MARAVILHOSO de chá, então vale a pena tê-lo só para ficar cheirando. Afinal, já existe tanta coisa pior para se cheirar (interpretações à parte!), que eu prefiro que você, caro leitor, não consiga desgrudar a cara desse tipo de folha. (Oscar de pior melhor piada literária aqui, por favor).



Você tem um pouco de maluquice. É o preço que se paga pela imaginação fértil. Esse é o seu superpoder. O acesso ao mundo do sonho. É uma coisa boa, não ruim”.

Pois bem, a premissa do livro me conquistou de primeira, afinal temos: uma autora japonesa que contará sobre uma personagem japonesa = fator culturas diferentes, de uma forma bem feita vale ressaltar, que tanto amo; uma personagem escritora que tem passado pelo fatídico problema de bloqueio criativo = Identificação total por minha parte (choro é livre); e as vidas de duas pessoas diferentes narradas paralelamente, que uma hora se entrecruzam de alguma forma, e a graça toda mora aqui.


O passado é esquisito. Quer dizer, ele existe de verdade? A sensação é de que existe, mas onde ele está? E se existiu mesmo, mas não agora, então onde foi parar?

Vamos começar pela escritora, Ruth, e se você leu a box de informação e se não parabéns também, É O MESMO NOME DA AUTORA!, OMG. Então você já pode prever o que isso significa para história. Ruth e seu marido estão na casa dos 40 anos e moram em uma pequena ilha do Canadá. Seu marido é uma espécie de pesquisador/especialista ambiental/algo do gênero e como a biodiversidade desta ilha é bem farta, tem sempre trabalho para fazer. Já Ruth, depois de ter trabalhado em jornais e publicado romances, está empacada em um novo projeto que é contar sua história de vida


Tenho me sentido mais atraído pela literatura hoje do que antes, não tanto por alguma obra em particular, mas pela ideia da literatura em si - o esforço heroico e a nobreza do nosso desejo humano de produzir a beleza a partir das nossas mentes”.

E, em meio a assolação desse novo dilema, Ruth um dia encontrou uma lancheira da Hello Kitty enquanto andava pela praia. Seu conteúdo? (Um McLanche feliz). Um diário de uma garota japonesa de 16 anos embrulhado na capa do livro Em Busca do Tempo Perdido do Marcel Proust (e, tanto quanto eu, você provavelmente deveria ler este livro). Por quanto tempo o diário esteve no mar? Quando foi escrito? Quem é a autora e, principalmente, como ela está agora? Ruth também quis saber e foi atrás das respostas.


É estranho pensar em como o tempo pode contribuir para você se sentir mais próximo ou distante das pessoas”.

E agora, do outro lado do Planeta (mas em qual ponto do passado?), vive Nao, a peculiar garota japonesa que, no começo de seu relato pessoal, tinha 16 anos e era dona de um blog com o melhor título ever "The Future is NAO". E se você googlear isso, verá um robô. 
ENFIM, Nao morava nos E.U.A desde pequena e tinha uma vida confortável e feliz ao estilo americano. Até que seu pai foi a falência e, junto com sua mãe, tiveram de retornar ao Japão. E em meio a turbulência de sua nova vida, Nao conhece sua bisavó: uma monja budista de 104 anos que a convida a passar um tempo no templo budista.


É estranho pensar em como o tempo pode contribuir para você se sentir mais próximo ou distante das pessoas”.

Eu adorei conhecer um pouco mais sobre o universo budista e é incrível o quão pouco conhecemos sobre outros países e culturas, inclusive a nossa, me arrisco dizer. E depois de passar por loucuras terríveis, desde ter um pai suicida a até iniciar-se na prostituição, essa experiência foi a rehab que Nao precisava.
Pois bem, não sabemos ao certo quantos anos tem a Nao que escreveu sobre a Nao de 16 anos que nos é apresentada, mas hey, é isso que compõe a atmosfera  singular e incrível do livro.


As cerejeiras aqui da base já floresceram e perderam suas flores, e eu continuo esperando para ter o mesmo destino”.

AGORA, o que dizer da prosa de Ozeki? Eu adorei a maneira como que ela está sempre interagindo com o leitor, principalmente nos capítulos de Nao, de maneira direta. Seja perguntas para te fazem revirar suas lembranças próprias ou uma "receita de meditação para leigos". E é uma escrita tão reconfortante quanto o cheiro do chá que permeia suas páginas. Ela sabe tanto manter segredos de você e criar dúvidas a respeito dos porquês dos detalhes da trama, quanto descrever contextos e pessoas. Isso me fez importar com os personagens, característica essencial quando teu livro trata sobre pessoas e seus relacionamentos, (seja consigo mesmo, familiar, ou até em relação ao passado, por que não?).  E algo que me impressionou muito mesmo sobre a capacidade da autora de fazer "links temporais" foi que a cada revelação sobre determinado personagem, me fez encarar toda situação passada dele de maneira diferente, algo que muitas vezes apenas a releitura nos proporciona.


Coisas faltando a deixava perturbada. Etiquetas de preço faltando. Lembranças faltando. Pedaços da sua vida faltando”.



Minha única ressalva em relação ao livro é a tentativa da autora de adicionar um certo elemento sobrenatural que achei não combinar com a proposta do livro como um todo. Não gosto de categorizar os livros como "realidade ou fantasia", pois creio que a Literatura é muito mais bizarra e complexa que isso. Mas, até o final do livro, a autora havia deixado certas dúvidas sobre a veracidade de alguns eventos, o que é ótimo para instigar o leitor a refletir mesmo depois de virar a última página. Contudo, a maneira como ela encerrou esse tópico me fez fechar o livro e simplesmente soltar um "Ah, então é isso?". Mas nada que tirou o prazer de ter conhecido essa história e viver tudo aquilo que ela me trouxe.


Escrever tinha a ver com imortalidade. Derrotar a própria morte ou, pelo menos conseguir evitá-la”.

Tenho de dizer o livro trata de assuntos como suicídio, prostituição e bullying japonês (que é tão absurdo quanto cruel), narrados em primeira pessoa por alguém que passou/está passando por isso. Então, é um livro que contém algumas partes bem densas, e ao meu ver foram bem trabalhadas e desenvolvidas, o que demostra a habilidade da autora de lidar com temas pesados. Outro detalhe que achei interessantíssimo é a quantidade de japonês que você pode aprender lendo esse livro! Quase toda página apresenta uma nota de rodapé com as traduções, e algumas possuem diálogos inteiros! Um último detalhes curioso: as partes da Ruth são narradas em terceira pessoa e a Nao sofre de paralisia do sono (se tiver coragem, jogue no google), E EU TAMBÉM, CHOREMOS.


Pense bem. De onde é que as palavras vêm? Elas vêm dos mortos. Nós as herdamos. Tomamos emprestadas. Fazemos uso delas por um tempo a fim de trazer os mortos à vida”.




PS: Ambas as capas original e brasileira são DESLUMBRANTES.


A ficção tinha seu próprio tempo e sua própria lógica. E ai estava o seu grande poder”.


E, como nota, nada mais justo do que lancheiras da Hello Kitty! Deixo aqui meu 4. 5/5 e uma ordem para que você, mochileirinho interessado, não deixe de ler, afinal , The future is Nao.




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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Livros Entre Linhas: Garota, Traduzida


Nome do Mundo: Garota Traduzida or Girl in Translation.
Único em Seu Universo.
Dimensão: 235 páginas. 
Criadora: Jean Kwok.
Data de Nascimento: 
BRA:  2011 / US: 2010 
Trouxe aos Terráqueos Brasileiros: Suma das Letras
Onde Obter: Saraiva - Submarino -  Americanas
Relatório Completo: Skoob
Sinopse: Quando Kimberly Chang e sua mãe, emigrantes de Hong Kong, se estabelecem numa área pobre do Brooklyn, tem início uma árdua dupla jornada para a menina de 11 anos. De dia, ela luta na escola contra o seu quase total desconhecimento do inglês, superando o preconceito do professor e revelando-se uma aluna determinada em aprender. À noite, ao lado da mãe, trabalha duro numa fábrica de tecidos, desafiando a incredulidade de colegas de escola, confiantes de que "trabalho infantil não existe nos Estados Unidos". Dia após dia, Kimberly lida em silêncio com verdades dolorosas e uma vida de privações. Num apartamento imundo, frio e infestado de ratos, a menina encara um futuro incerto, cujo peso recai sobre seus ombros, em função da deterioração da saúde de sua mãe. Kimberly ainda nutre um amor secreto por um menino que trabalha na casa de máquinas da fábrica na qual trabalha. Sua imaginação, criatividade e capacidade de amar são suas únicas armas para encontrar algum conforto e perspectivas. O livro Garota, traduzida é uma história inspirada na vida da autora, que saiu muito jovem de Hong Kong para viver nos Estados Unidos, mas fala também sobre a trajetória de milhares de imigrantes, capturados entre a pressão para vencerem no Primeiro Mundo, suas obrigações para com a família e seus sonhos particulares.


Muito bem, mochileiros. Eu ando um pouco cansada de leituras convencionais e como estava em uma vibe de intercâmbios e culturas diferentes, a sinopse desse livro me cativou de tal maneira, que antes de eu perceber, já estava a espera dos Correios passar e me entregar este bebê. (Afinal, bebês vêm no Sedex, e não da cegonha).

Esse livro entrou para minha lista de favoritos da vida, e eu COM TODA A CERTEZA voltarei a relê-lo quando JO tiver indo morar na Ilha da Esmeralda ~~tossing the hair. Certo, sonhos a parte, vou apresentar-lhes Kimberly, uma chinesa que deu um novo significado à expressão "lutar com unhas e dentes".

Kimberly morava na China, tinha 11 anos, era a melhor aluna da sua escola e vivia muito bem com sua mãe, apesar da saudade que sentia do pai falecido. (Eu iria escrever "morrido", mas esta palavra me define melhor). Mas então, sua mãe um dia lhe diz que fez um acordo com uma tia que vivia na terra do tio Sam e agora estão oficialmente se mudando para New York. Kim não sabe ao certo como comemorar. Fogos de artifício ou lágrimas? Mas isso apenas seu novo lar poderá lhe dizer.


Surgiu então um comercial de sopa de letrinhas. O conceito da sopa me fascinou, como acontecia com todas as coisas que envolviam letras

E eis sua resposta: Pessoas falando uma língua que ela não conhece; Um apartamento pequeno, sujo e cercado por baratas; uma escola onde todos são detestáveis; e só para acompanhar, mesmo sendo criança, Kim devia trabalhar em uma fábrica de tecidos para ajudar a sua mãe a pagar a dívida com a irmã. E digamos que essa tia não é lá a dos sonhos de alguém. Suas notas 10 agora se transformam em um mar vermelho, simplesmente por ela NÃO conseguir ler as provas. Sua mãe trabalha mais de 12 horas por dia. As noites são frias demais para as poucas cobertas aguentarem e a comida nem sempre sacia a fome.  

Porém, apesar da lista de infelicidades que os E.U.A trouxe para Kim ser imensa, uma alegria foi conhecer Matt, um garoto também chinês e que trabalha na fábrica junto a ela. (E aqui é a parte que vocês acham que preveem o que vai acontecer


Você pode estar mais apaixonada por uma pessoa que tem em sua mente do que pela pessoa que vê todos os dias

Ao longo de toda narrativa, nós acompanhamos o desenvolvimento de Kim, tanto acadêmicamente quanto como pessoa. Sua luta para aprender inglês (identificações livre). O constante bullying vindo inclusive de professores. E o que mais foi impactante para mim: seu amor pela sua mãe e pelos estudos e como isso a fez dedicar todas as horas livres para esforçar-se ao máximo e conseguir uma melhor qualidade de vida para sua família-de-uma-só. Histórias assim são umas das que mais mexem comigo, pois é a batalha diária de uma pessoa que dia após dia procura, através do conhecimento, um futuro melhor <o choro é livre>.

Um ponto interessante sobre os bastidores do livro é que a autora também é chinesa e foi  para os E.U.A ainda criança, ou seja, o livro é um pouco auto biográfico! Fato facilmente sentido devido ao detalhismo nas ambientações  e situações descritas. É como ler algo que apenas quem viveu saberia como descrever em palavras.
Particularmente, um detalhe que mais gostei no livro foi os choques entre as culturas chinesa e a americana. Eu sou bem maníaca quando o assunto é culturas diferentes, suas peculiaridades e contrastes, e para mim foi um prato cheio e com direito de repetir!


Jamais vou querer amar alguém assim, [...] amar tanto que não sobre espaço para mim mesma, amar tanto que não consiga sobreviver se ele me deixar

AGORA, O FINAL! Sabe a expressão "novela mexicana" <A URSUPADOORA TARANTANTAN ESPERANDO POR TU AMOR, parei>? Então, foi um tanto forçado e, sinceramente, desnecessário. Mas não desqualificou o restante do livro e o encerrou com um "ponto final" um pouco particular. Curiosos? Eu espero, hehe. 
PS: Aqui segue um documentário/entrevista, aonde a autora conta um pouco mais sobre sua infância. Legendas apenas em inglês.


Nada melhor que CINCO bandeiras da China para representar o quanto eu quero que vocês leiam! Já falei que virou um favorito? Pois virou um favorito.


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